AMANHECENTES
Eis que de novo amanhece,
O céu em tufos brancos,
Malgrado o vento frio.
Ternura de algodão.
De algodão doce,
De pés-de-moleque,
De pipoca colorida com groselha,
Gostosura tão viva em nossas mãos,
Nas pontas dos dedos.
As painas dos esperados encontros,
Contraste de um jardim agreste
Com uma única rosa vermelha
(aquela que você plantou)
Entre a brachiaria,
O sol ameno já cegante
E o cata-vento girando e girando,
Espalhando nossos beijos,
Andorinhas em voo.
Fantasias, amor - me dizias.
Um trago do bom porto,
Um cálice de licor,
Músicas, afetos e dengos,
Os co(r)pos bem se entendendo,
As últimas estrelas excitadas
E uma lua assaz despudorada.
Pingos nas janelas.
Respingos.
Assim mais amanheceres
Cobrindo nossa longa distância,
As madrugadas de poesia,
Sem versos,
Em nós.
A saudade é sentinela.
(para você)
imagem: FlickR