A CANÇÃO DOS APAIXONADOS

Eu canto uma música indecente

Um solo onde seu corpo vibra.

Rufando tambores no peito,

arfando madrugadas adentro.

Plagio delírios inexprimíveis,

recrio frases desconexas

especialmente para a sua voz.

Gravo as notas, os acordes perfeitos,

toco tríades consonantes

destoando do primeiro compasso.

O ritmo muda devagar e compassadamente

num crescendo "pianíssimo".

Seu corpo é o meu instrumento,

que prazer tocar, deliciar-me,

equalizar-me nas suas trilhas

numa frequência gravada no inconsciente.

Cante essa canção só para mim,

Seu canto é suave, sua voz plangente,

eu me encanto com você.

Faça um solo com as dissonantes encontradas pelo tempo,

e, a cada compasso, meu corpo estremece.

O som ao redor nos envolve, tudo é música de amar,

do rangido triunfal das molas do colchão

ao descompasso do ritmo da nossa respiração.

À cada batida meu corpo estremece

e na sequência da escala bem definida

executamos o "grand finale"

da melodia da vida, a canção dos apaixonados.

Por Paulo Siuves

Paulo Siuves
Enviado por Paulo Siuves em 07/05/2015
Reeditado em 07/05/2015
Código do texto: T5234236
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