A CANÇÃO DOS APAIXONADOS
Eu canto uma música indecente
Um solo onde seu corpo vibra.
Rufando tambores no peito,
arfando madrugadas adentro.
Plagio delírios inexprimíveis,
recrio frases desconexas
especialmente para a sua voz.
Gravo as notas, os acordes perfeitos,
toco tríades consonantes
destoando do primeiro compasso.
O ritmo muda devagar e compassadamente
num crescendo "pianíssimo".
Seu corpo é o meu instrumento,
que prazer tocar, deliciar-me,
equalizar-me nas suas trilhas
numa frequência gravada no inconsciente.
Cante essa canção só para mim,
Seu canto é suave, sua voz plangente,
eu me encanto com você.
Faça um solo com as dissonantes encontradas pelo tempo,
e, a cada compasso, meu corpo estremece.
O som ao redor nos envolve, tudo é música de amar,
do rangido triunfal das molas do colchão
ao descompasso do ritmo da nossa respiração.
À cada batida meu corpo estremece
e na sequência da escala bem definida
executamos o "grand finale"
da melodia da vida, a canção dos apaixonados.
Por Paulo Siuves