CROCANTE

Não estou velho, estou crocante:

Tudo estala nesta carcaça...

A energia, que nunca foi constante,

Agora parece que virou fumaça.

Foi-se meu tempo de infante,

Minhas noites de dormir na praça.

Faz-se lento quem esteve adiante,

Vida às vezes parece atirada às traças.

Mas atente por um instante:

Ainda conservo alguma graça.

Tirando arestas, surge um diamante,

Alguém disposto a por as mãos na massa.

Não estou velho, estou crocante,

Ainda posso sair à sua caça.