Onomatopeia

O fiasco da escrita crua, sem moldura,

será que dura?

Não é por pretensão que se perpetua

se agora é contada.

Escriturada.

O que mais pode querer a mão calada?

se finda o calo na unha amarelada

que mergulhada em água clara

livre do colorido que a doença emprestara

ajeitou enfim o cabo da panela ensebada.

Quanto tempo a fome dura?

Desde a semana passada.

Um rosto varrido em verde carne exposto:

Qual o gosto?

Retificado pra troféu e medalha

Quantos ais tinha aquele rosto?

Agora não mais

Não ais

Sem paz

Aquele rosto era popularesco

Nada não se assemelhava nele na calçada

Raríssimo na sala.

Aquele-aquela

Tínhamos

Temos

Eu e tu

O agora-já

Já passou

Está sendo

Ficamos mais velhos dizem

.

.Ficamos apenas.

Finda aqui o rosto

pretenso.

Reitero:

O gosto não acaba na escrita

O rosto não acaba com o gosto

Eu gosto de ti

E do que respira

Será que a mosca respira?

Certamente ela não morrerá no agora-já

Nem daqui a pouco

Nem amanhã.

Morre mais gente que mosca

Fica mais gente sem o gosto

.