Não me Orgulho
Não me orgulho
Das borboletas esmagadas
Que eu pisei sem querer;
Mas foram elas - (descuidadas)
Que pousaram sem ver.
Também não me orgulho
Das palavras proferidas
Que racharam máscaras,
Retiraram cascas,
E feriram brios.
-Invadiram meus trilhos,
Roubaram-me os silêncios
Deixando-me nua,
A pele ferida
Exposta ao frio.
Mesmo assim, não me orgulho;
Do que me acusam
(E que nem sequer fiz),
Nada tenho a dizer,
Nada tenho a mentir,
Nada tenho a negar.
Escapei por um triz
De morrer esmagada,
Soterrada no entulho,
Tatuada nas solas
De quem me pisava.