Não me Orgulho


Não me orgulho
Das borboletas esmagadas
Que eu pisei sem querer;
Mas foram elas - (descuidadas)
Que pousaram sem ver.

Também não me orgulho
Das palavras proferidas
Que racharam máscaras,
Retiraram cascas,
E feriram brios.

-Invadiram meus trilhos,
Roubaram-me os silêncios
Deixando-me nua,
A pele ferida
Exposta ao frio.

Mesmo assim, não me orgulho;
Do que me acusam
(E que nem sequer fiz),
Nada tenho a dizer,
Nada tenho a mentir,
Nada tenho a negar.

Escapei por um triz
De morrer esmagada,
Soterrada no entulho,
Tatuada nas solas
De quem me pisava.


 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 06/05/2015
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