BUCÓLICA SAUDADE:
A casa de quatro águas não tinha eira nem beira
Dez janelas de pau d´arco portas de entrada e saída
Todas da mesma madeira.
Calçadas nas quatro águas estreitas e alpendradas.
Minha avó num fogo à lenha pilava café torrado
Os meninos já crescidos brincavam com a vacaiada
Na hora da refeição todos se sentavam à mesa
Meu vô na cabeceira da mesa grande o serviço autorizava
E a vovó Apolônia depois servia os demais
Oh! Saudades do meu tanque das canelas
De onde ainda assustado beijava a boca dela
Mergulhava suas águas turvas exibindo-me à ela
Quando a tarde caia todos se reuniam na casa de farinhada
A noite era uma festa...
Meninos corriam, gritavam, e não temiam a noite e sua escuridão.
Os adultos na labuta no rodo e no rodete
Ao raiar o dia por trás do forno à lenha havia um flamboaiã
Balanços de pau e cordas onde toda gurizada brincavam toda manhã
Quanta saudade eu sinto do meu tempo de criança
Daquela vidinha mansa no meu lindo “Beneficio”
Onde tudo era festança, hoje é só lembranças de quando eu fui criança.
Tempo bom! Não volta mais.