Três Peças Difusas
I
Eu me sinto confuso,
olho às vezes o rio
e por ele me conduzo.
Em nenhuma rota me fio,
corpo difuso.
Entôo um viva
e circulo na vaga
delícia sensitiva,
onde a lógica naufraga.
Expando assim meu ser,
que numa onda se apaga,
pra em outra renascer.
II
Eu canto e enalteço
o veludo das manhãs,
a verve de um verso
que poreja na pele,
a foz de um desejo
e o copo de cerveja.
III
Dentro do tempo
o sêmen,
a linfa pura
dentro do sempre,
a alma trêmula,
aquela ausência,
sangue que ferve,
vaso que quebra,
a febre intensa
que aflora dentro:
lá fora o vento,
em nós o extremo...