Três Peças Difusas

I

Eu me sinto confuso,

olho às vezes o rio

e por ele me conduzo.

Em nenhuma rota me fio,

corpo difuso.

Entôo um viva

e circulo na vaga

delícia sensitiva,

onde a lógica naufraga.

Expando assim meu ser,

que numa onda se apaga,

pra em outra renascer.

II

Eu canto e enalteço

o veludo das manhãs,

a verve de um verso

que poreja na pele,

a foz de um desejo

e o copo de cerveja.

III

Dentro do tempo

o sêmen,

a linfa pura

dentro do sempre,

a alma trêmula,

aquela ausência,

sangue que ferve,

vaso que quebra,

a febre intensa

que aflora dentro:

lá fora o vento,

em nós o extremo...

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 05/05/2015
Código do texto: T5231954
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