Inerte

Tem dia que a saudade amarga e o café esfria,

tem dia que eu acordo sem vontade e mesmo assim,

tiro meu corpo do leito.

Nos dias que se seguem há uma rotina embaraçosamente dolorosa.

Tem dia que a vontade dorme e o café esfria,

perde o sabor;

a vida esfria,

perde a razão.

Junto minhas forças,

as poucas que me restam,

e respiro.

Ou talvez não,

nem sei dizer.

Inércia pavorosa,

medonha.

De todos os tempos do mundo o que menos me atrai é o tempo passado.

Nem sei se verei o futuro,

mas o presente me entedia.

Vivo em memórias vagas,

de um tempo que não se situa.

Vivo em memórias largas,

de um passado que não recua.Não sei se volto ou prossigo,

só sei que não quero ficar.

Não sei se sinto ou se perco,

só sei que passo e não marco.

Queria marcar,

queria ficar quando fosse.

Sorrio,

mas isso me dói.

Eu não tenho vontade de saber se sou ou não um pedaço do vento ou um grão de areia,

sou menos que algo que não descrevo,

e sou mais que tudo que um dia fui,

não vou pedir licença,

sou menos que queria ser...