Surrealírica

Eles ainda sonham com as touradas

Embaixo das unhas do guitarrista de Andaluz,

Uma caravela desliza no seio de Vênus

E naufraga na boca de Homero,

Cavaleiros templários levantam uma catedral

Na pélvis de Shakti edificando a fé

Dos homens e mulheres borboletas,

Piratas de outras galáxias saqueiam

O céu dos países escandinavos pensando ser Jade,

Satélites perdem o controle da maré digital

Pela erupção cerebral de anarco-primitivistas,

O direito de descansar do mundo é tirado dos humanos

Para a boca da vida perpétua nos engolir

Comprimindo-nos no estreito esôfago do tédio,

Astronautas marítimos queimam nuvens

No cachimbo de Magritte cerzindo um tapete

De veludo azul onde David Lynch planta coelhos

Que serão colhidos no espelho

Para proclamarem o apocalipse dos sonhos,

Uma chuva de sol transborda a caixa de Pandora

Causando uma enchente estelar

Contaminada com os segredos da humanidade,

Um extraterrestre sai da orelha de uma criança

Para dizer que estamos sozinhos

Dentre todas as galáxias,

A arte torna-se uma doutrina marxista

Onde a regra absoluta é levar Simonídes a sério,

O mundo torna-se uma civilização de faraós

Guerreando em tribunais pela dinastia alheia,

E os poetas continuam indigentes e miseráveis.

13/12/2014

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 05/05/2015
Reeditado em 30/11/2023
Código do texto: T5231023
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