Farsa
A arte só se faz verdadeira porque alarde
Nossos segredos insólitos com o rosto da farsa,
O artista coloca a máscara da mentira
Para expressar os fragmentos de sofrimento
Que edificam nossa loucura
Liberta da solidão enquanto dura o espetáculo
Do teatro despido de comprimidos e camisa de força,
Para depois sairmos desse lugar
E esculpir a face da vida na pedra vulgar
De querer ser incomum curando-se
Na sabedoria pressuposta
Declamada por aedos delatores
De nossas indecências
Que presumimos ter ciência
Deixando-nos ainda mais decadentes
Na demência crível que exercemos
Nossa vontade vil de modo viril
Fertilizando um filho vivo
Na argila que dita maldita condena a erudita
Sem se dar conta que no ventre hipócrita
É moldada a mesma sensação
De superioridade condenada,
Mas chega de alvejar o espelho
Com a voz do mundo inteiro,
Há dissimulação até nesse obscurantismo;
Somente no branco silêncio esmagador de Deus
Encontro a plenitude de uma verdade total
Pela ausência letal de qualquer expressão.
12/10/2014