Farsa

A arte só se faz verdadeira porque alarde

Nossos segredos insólitos com o rosto da farsa,

O artista coloca a máscara da mentira

Para expressar os fragmentos de sofrimento

Que edificam nossa loucura

Liberta da solidão enquanto dura o espetáculo

Do teatro despido de comprimidos e camisa de força,

Para depois sairmos desse lugar

E esculpir a face da vida na pedra vulgar

De querer ser incomum curando-se

Na sabedoria pressuposta

Declamada por aedos delatores

De nossas indecências

Que presumimos ter ciência

Deixando-nos ainda mais decadentes

Na demência crível que exercemos

Nossa vontade vil de modo viril

Fertilizando um filho vivo

Na argila que dita maldita condena a erudita

Sem se dar conta que no ventre hipócrita

É moldada a mesma sensação

De superioridade condenada,

Mas chega de alvejar o espelho

Com a voz do mundo inteiro,

Há dissimulação até nesse obscurantismo;

Somente no branco silêncio esmagador de Deus

Encontro a plenitude de uma verdade total

Pela ausência letal de qualquer expressão.

12/10/2014

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 04/05/2015
Código do texto: T5230918
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