E O OUTONO CADÊ?
Calor, abafado, previsão de chuva. Talvez chova de madrugada.
Sou sim uma das tantas criaturas que sofre sob a pressão do tempo!
Ando lenta, cansada quase desanimo. Olho para céu e digo: “preciso que chova”.
A noite suspirou um vento que invadiu o quarto pela fresta da janela.
Acordou a persiana que impaciente dançava a cada rajada da forte brisa.
É o outono chegando finalmente barulhando em chuvarada.
Outono é assim, chega de um profundo suspiro do ano
E de repente espirra chuva em ventania na vidraça!
Traz lembranças, acorda sentimentos e saudades
Que lentamente sopram vida em mim.
Saudades de quebrar as ruas da capital
Fazer caminhos envoltos em cachecol
E deixar que o vento de outono
Pegue-me de surpresa em cada esquina.
Fui logo ali à confeitaria
Compraz-me sorvete de creme com carolinas.
Lanço em segredo à chuva fina meu desejo:
Sinto-te, mas não te vejo passar.