Labiríntico

Há uma passagem fechada

e muitos caminhos abertos.

Em cada um, uma resposta.

Em cada porta, uma pergunta.

E toda a mitologia junta:

“Decifra-me, ou não te devoro”.

Espírito de não e de sim?

Há quem diga que lá moro.

Há quem não saiba de mim.

Há mais saídas que entradas.

Há mais amores que não.

Há mais paz que podridão.

Perder-me é só um passo

Ou um abraço, talvez.

Sem prumo, sem métrica,

sem rumo, sem meta,

sem direção por natureza;

labirinto ou estrada reta,

meu destino é a insensatez.

Porque me perco por achar

tesouros pelo caminho.

Apenas adio a chegada.

Só me demoro na estrada

(ou nos meandros murados)

porque há segredos velados

e muita beleza guardada

a contemplar.

E as riquezas que acho

são meu lume, meu facho.

Iluminam meu universo,

viram amores, viram verso,

e tudo me encanta e seduz.

Sim, sem rumo - porém com luz!