MÃE

Este desassossego,

Estas mãos

Estes acordes de guitarra triste

Deambulando pelas pedras da calçada.

Aquela mulher vazia

Que sorria

Aquela outra que de tanto ter sentido

Mariposas loucas,

Já nem sentia

Este frio voraz…

Esta chuva, esta lama!

Essa ilusão que nos consome em pleno inverno

Esse sangue derramado de nós

Essa brutal cegueira!

Este bailado meus senhores,

Este bailado,

Não é poesia!

São as portas do meu quarto de lágrimas.

O olhar de uma criança

Plantado no sorriso dos cravos do jardim,

São o vértice da esperança arrancada à

Raiz do pensamento.

E, aquela mulher que ainda sorria…

E as portas que rangiam – por vezes ouviam-se acordes de guitarra triste enquanto eu crescia…

Éramos semente, fulgor de ternura em planície infinita,

Talvez miseráveis,

Talvez deuses em pleno apogeu e harmonia.

Não, meus caros senhores

Deste bailado nada podeis saber!

Não é um Tratado!

Não se compra, não se vende.

Nem sequer é poesia,

Fantasia, ou ousadia!

Era somente aquela mulher que ainda sorria.

Eu oferecia-lhe uma flor pela manhã

A caminho da escola

Numa das minhas primeiras agonias – essa sim,

Era a minha fantasia.

* A todas as Mães e a todos os filhos, um dia de celebração em Amor.

C.M. *

© Célia Moura, in “Enquanto Sangram As Rosas…

Célia Moura
Enviado por Célia Moura em 03/05/2015
Código do texto: T5229296
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