(2)Íntimo das pedras

Íntimo das pedras

Andei por caminhos escarpados , respirei fuligem,

minha carne cortada resistiu à dor...

Viajei desertos, suportei vertigens,

compus versos tristes pra falar de amor.

Não vi primaveras, só vivi invernos

provei de infernos ao desejar um céu...

Construí meus calos semeando aos percalços,

é o meu cabedal, cada calo é um troféu.

Mesmo na rudeza do sol o musgo medra

na relva que junca e traz flores pro mel...

Tropegando os passos, desenhei meu espaço

sem papel, sem esquadro, compasso nem régua

Minha história não nega... Foi por andar descalço

que os meus pés tornaram-se íntimo das pedras...