Mistério
Não há nada que eu possa exigir
Nem mesmo pedir
Pois o destino não quer sugestões.
Ele simplesmente aparece
Num instante acontece
Do jeito que quiser
Ora mergulha-nos num mar de encantos
Depois abandona-nos em prantos
Sem se importar.
Talvez ache graça da vida
Ou da desgraça sofrida
Pelos passageiros sob sua condução
O engraçado é sua inexistência
E, portanto, a incoerência
De sua atuação.
Será desculpa dos desarranjados
Ou infortúnio dos desavisados
Que o tempo passa sem pestanejar?
Mas o que, senão, determina
A ação que se aproxima
Após um decisão a tomar?
Ainda que analisemos as consequências
Seria de grande imprudência
Ter certeza do que há de se proceder
Porque ora a bola bate e não quebra
A janela que, eventualmente, estava aberta
Ufa! Alivia-se a tensão.
Depois descobre-se, infelizmente,
Que, por causa da bola, houve um acidente
Quisera a janela ter se estilhaçado em mil pedaços.
Explique se puder
Culpe a quem quiser
Se, afinal, mudar em algo a situação.
Se existe "momento errado",
E se acontece ao mero acaso,
Não há estratégia brilhante que seja solução.
Então não peço nada
Por mais que eu queira,
Sei que estragaria a graça.
O mistério traz consigo a perfeição
Que não se explica, talvez nem mesmo se entenda
Deixando margem ao intelecto e ao coração.