Desassossegos da alma
Eu ouvi tua alma gritar
Uma gritaria calma
Tua alma rouca numa gritaria louca
Inconcebivelmente calma
E louca como tu
Minha contradição mais estimada
Teus versos, meu bem
Nos gritos aflitos
E sussurros casmurros
No sim e no não
Teus versos gritavam ódio e paixão
E toda a loucura dos teus cabelos jovens
E toda a juventude da tua loucura
Nos fios de cabelo grudados nos lábios
Teus versos no vento
Escapando dos lábios calados
E na tua loucura a cura
De todas as outras loucuras
E alma que grita, ainda
Não se faz ouvir
(Mas eu vi!)
Ninguém escuta a palavra muda
Em urros de alma cansada
Nem uma palavra se ouve
Nem nada
Porque toda palavra tua
Finda com vozes do passado
Eu não notei o meu nome
Nos gritos alucinados
(Mas eu vi!)
Houve gritos, ouve!
Ouve os benditos gritos
Mas vê se escuta com a alma
Quando o vento resolve parar
Na madrugada sauna da cidade morta
Ouço um ruído atrás da porta
(A loucura ressoa!)
E abro a alma (minha) pra ouvir
Já teus versos ecoam nos gritos
Que se confundem em tantos outros
Berros aflitos, desditos
De tanta alma fingidamente calma
Que se esgoela pelas ruas quentes
E becos doentes de João Pessoa