Arrepio

Em ondas crescentes

meu corpo se veste de arrepio!

Ventania em forma de brisa

correndo dentro de mim

cavando com as próprias garras

as emoções afundadas na lama

mas também as que têm cheiro de flor!

É como bicho no cio

mulher parindo

lágrima que não cai

sorriso apenas com os olhos

ver um grande amor partindo

aquele grito que não sai

ser flagrada de alma nua

me esticar para abraçar a lua

camuflar a própria dor

achar que vou morrer de amor...

andar descalça pelo deserto

equilibrar-me entre o certo e o incerto!

É como rasgar o peito com punhal

sangrar até quase morrer

É dentro de mim não me caber

É sobreviver a vendaval

é caminhar até a beira do abismo

é me jogar do precipício de olhos vendados

Numa cena de surrealismo

É adentrar em floresta desconhecida

É dar a vida pela minha filha

É me trancafiar para sempre na dor

É escalar imensurável montanha

mergulhar nas entranhas

É achar que para sempre vou viver

É vestir-me para sempre de amor...

Isso para mim é ESCREVER!

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 01/05/2015
Código do texto: T5227387
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