Tempo Envelhecido
Fito, com os olhos fechados, a alma no espelho:
Lábios, rugas, rosto e coração tão cansados
O tempo desfolhando cada instante que retelho,
Minhas mãos já não alcançam meu alvor olvidado.
A família, antes reunida na sala, em aniversários contentes...
Todos agora tão distantes com seus próprios destinos,
E os deuses gargalham as nossas vidas incoerentes,
Somos poeira e vaidades nesse cego mundo peregrino.
Fito a miragem de quem fui e a ilusão do que hoje sou:
Cada metamorfose do homem são transições de auto-engano.
O sino das tuas horas honrosas ou torpes jamais ressoou,
És apenas o mero orgasmo de um sonho irreal e insano,
És a narrativa reprisada por um Nume ébrio, inexistente e tirano;
Vede: ria dos teus dias passados e futuros que a vida já enterrou.