Tempo Envelhecido

Fito, com os olhos fechados, a alma no espelho:

Lábios, rugas, rosto e coração tão cansados

O tempo desfolhando cada instante que retelho,

Minhas mãos já não alcançam meu alvor olvidado.

A família, antes reunida na sala, em aniversários contentes...

Todos agora tão distantes com seus próprios destinos,

E os deuses gargalham as nossas vidas incoerentes,

Somos poeira e vaidades nesse cego mundo peregrino.

Fito a miragem de quem fui e a ilusão do que hoje sou:

Cada metamorfose do homem são transições de auto-engano.

O sino das tuas horas honrosas ou torpes jamais ressoou,

És apenas o mero orgasmo de um sonho irreal e insano,

És a narrativa reprisada por um Nume ébrio, inexistente e tirano;

Vede: ria dos teus dias passados e futuros que a vida já enterrou.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 01/05/2015
Reeditado em 01/05/2015
Código do texto: T5226899
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