FAZENDO A VEZ

Eu sou o que sou,

Um pouco de tudo para servir teu louvor,

Eu sou nós mas não me anulo,

Deixa-me entrar e ficar um pouco no teu casulo.

As pessoas estão por aí à solta revolucionando,

E eu estou a teu favor ruminando,

Entro no teu quarto e faço o que devo,

Saio e sei que na rua tem protesto, tenho medo.

Tem gente de todo estilo,

Mas o motivo é comum,

Todos querem garantia do mundo um,

Corre-corre a polícia dispersa,

Alguns são heróis, enfrentam, são feras.

Procuro pelos amigos,

Não posso dizer adeus e seguir,

Tenho que enfrentar a situação,

Ser ou não ser é a questão.

Os que fogem tem compromisso,

Rabo preso no meio disso,

Duvidam de um mundo novo...

Os que ficam são loucos,

Querem um mundo sem pagar suborno,

Sonham com tudo no civilizado,

Não admitem o inferno,

Só aceitam a partir do purgatório.

Cadê os amigos, sumiram?

Os amigos são agora os que resistiram,

Tem gente reportando,

Fazendo valer uma informação,

Para que, porquê, e a quem dizer?

Todos ligados no paradeiro,

Morreu alguém? O que mudou?

O trem passou superlotado,

E O ministro das relações superiores,

Advertiu sobre Relações sob qualquer suspeita,

Avisou que o time está em campo,

E disse: saímos da espreita,

É preciso torcer só assim seremos patetas,

Vamos ganhar, o capitão é um... grande atleta,

Chega de vandalismo,

Aqui não se é único na crise capital.

Chegou a vez... agora ou talvez,

Para nunca jamais admitir,

Um trem que anda para trás,

Chegou a hora, vale o que se faz.

Ah vale o que é pra mudar!

Já não basta...Esta vida tão sem graça.

Mas muitos sabem bem viver,

O que então...Vale à pena viver,

O mundo não é só um,

Vida fácil na mansão, para alguns,

Vida dura, mundo ardil, sem teto,

Para outros e uns...

Sobrevivendo, cabeça de fuleco,

Cabeças e cabeças,

Tenho que sair desta tristeza.

Surpresa, descobriu-se a nova certeza.

Eh, falei!