SOB GAIVOTAS
As sombras das gaivotas
dançam no chão, à minha frente,
em passos de beleza imprevisível
e leveza singular.
Noto, em singela surpresa,
que não voam aos pares,
as minhas gaivotas,
a não ser por coincidência.
E encontro nelas
mais essa estranha beleza,
esse grito da coisa única,
da fundamental essência,
revelando-se em vôos não duplicados,
como uma solidão revelada
em volúpias de liberdade...
E pergunto-me baixinho,
num pensamento bizarro
que voa ao alto
e rasga núvens brancas,
acompanhando em curvas
essas gaivotas
tão lindas e tão sós:
- Lá em cima,
elas farão poesias
sobre nós?
11.6.2007