NÃO VIVO DE LEMBRANÇAS
Antonieta Lopes
De lembranças viver jamais consigo,
Se de adoráveis fatos eu me lembro,
Escrevo um soneto ou um artigo,
Não cultuo demais dois de novembro.
Na real luta diária eu prossigo
E se me dói do corpo cada membro,
Vou em frente na fé de um Deus amigo,
E avanço de janeiro a dezembro.
Não sou de apelos, gritos, choradeira
Engulo "sapos", cobras e lagartos
E sobrevivo bem desta maneira
Se receei tromboses e infartos,
Eu nunca tive a inspiração por companheira,
Nunca fugi da luta e à dor dos partos.