Mesmo...
Mesmo que não sintas dor
nem alívio, nem tortura...
Além de não veres a flor
onde a borboleta busca fartura...
Crê que em mim a dor existe
torturantemente triste...
Envolvida em sedas de mil cores
ornamentando os meus amores...
Dando-me ares de alegria
e temperando os meus sabores...
Olha em teu redor e deixa que te vejam!
Deixa-me ver-te
Deixa-me contemplar-te
Pois é só isso que pretendo
Pois é só isso que posso pretender...
Pois sei que tudo tens
por baixo do teu telhado...
No teu chão que não piso
sem que seja convidado...
Tens da vida toda a atenção
e todas as atenções são poucas!
Todas mereces em profusão
És deusa serena e inquieta
És fogo brando numa chama repleta
És fúria contida num sorriso doce
És paixão garantida, num beijo que fosse...
Mesmo assim ficas distante
Mesmo assim no silêncio te recolhes
És aquela que com um olhar vibrante
fixas imagens de tudo o que olhes...
És o vento fresco dos dias quentes
És o calor aconchegante nos invernos
És a doçura dos gestos ternos
e dos sorrisos eloquentes...
És autêntica e verdadeira
És amiga e companheira
És a confidente guerreira
que tudo ouve com atenção...
És aquela que respeito
mesmo olhando-te de um jeito
a que não dás aprovação...