INSTANTÂNEO

Pego, e não titubeio, fogo para acendê-lo

Sinto tremerem os dedos, incendeio e incendeio;

Sugo e inundo meu peito, trago-o para dentro,

Expulso e experimento o corpo desfalecendo.

Impulsionando o delírio um desejo estranho e intenso

Deleite vicioso, gozo instantâneo e lento,

O venenoso gosto de finitude e de paz...

Desfruto nesses segundos do prazer que ele me traz:

O poder amnésico!

Todos meus infortúnios sob efeito anestésico,

Entorpecendo meu mundo enquanto amortece minha alma

Anseio doloroso que atendido me acalma.

Tão depressa me sacia tal qual suscita-me a fome

Num desvario cíclico que me alivia e consome...

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 29/04/2015
Reeditado em 07/03/2017
Código do texto: T5224988
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