INSTANTÂNEO
Pego, e não titubeio, fogo para acendê-lo
Sinto tremerem os dedos, incendeio e incendeio;
Sugo e inundo meu peito, trago-o para dentro,
Expulso e experimento o corpo desfalecendo.
Impulsionando o delírio um desejo estranho e intenso
Deleite vicioso, gozo instantâneo e lento,
O venenoso gosto de finitude e de paz...
Desfruto nesses segundos do prazer que ele me traz:
O poder amnésico!
Todos meus infortúnios sob efeito anestésico,
Entorpecendo meu mundo enquanto amortece minha alma
Anseio doloroso que atendido me acalma.
Tão depressa me sacia tal qual suscita-me a fome
Num desvario cíclico que me alivia e consome...