Passageira
O tempo desenhando na face a sua precisa arte
um poema ébrio, uma alma errante, um ser viajante
O trem passageiro
Lá se vai uma estação... e outra... e outra... e outras
Lá se vão rios de águas profundas, cristalinas e turvas
Pelos vales dos dias e suas montanhas vestidas de flores
ou quem sabe montanhas nuas também
Sonhos efêmeros, alados, sonâmbulos
Dias que se despertam, noites que adormecem
Sereno cobrindo as flores, raios de sol pelas frestas das nuvens
Estrelas cintilantes no céu dos instantes
Desertos e oásis, mares e pântanos
A vida linda finita passivamente aconchegada olhando os trilhos
Vão ficando nas curvas dos rios
Vão ficando além das montanhas
Vão sossegando sob a imensidão do céu azul