Da Surdez
Hoje, indiferente, seu silêncio grita
e enfeia, de repente, no grito dado
o que, lindamente, tinha me encantado
nessa boca silente, com voz tão bonita!
O que não dizia...por seus gritantes medos
de longe, eu via...por não estar distante
quando escrevia, sua mudez falante...
quando, na tela fria, gritavam seus dedos.
Hoje o grito...que seu silêncio devora...
que já foi bonito pois falava após
diz, nesse não-dito da mudez entre nós
que o não-dizer desfez nossa teia sonora
e que mais uma vez (e sem razão, agora)
você é a surdez e eu sou só a voz.
28-04-2015