Da Surdez

Hoje, indiferente, seu silêncio grita

e enfeia, de repente, no grito dado

o que, lindamente, tinha me encantado

nessa boca silente, com voz tão bonita!

O que não dizia...por seus gritantes medos

de longe, eu via...por não estar distante

quando escrevia, sua mudez falante...

quando, na tela fria, gritavam seus dedos.

Hoje o grito...que seu silêncio devora...

que já foi bonito pois falava após

diz, nesse não-dito da mudez entre nós

que o não-dizer desfez nossa teia sonora

e que mais uma vez (e sem razão, agora)

você é a surdez e eu sou só a voz.

28-04-2015

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 29/04/2015
Reeditado em 11/12/2015
Código do texto: T5224118
Classificação de conteúdo: seguro