CAMINHOS...

Os caminhos não são mais os mesmos

desenhei uma estrada, andei por ela,

cantei e sorri, corri e alcancei meus sonhos...

mas, escorreguei na minha própria sombra, desencantei...

não há mais brilhos nos olhos de quem me via,

agora só me olham, não mais me enxergam.

Inexistente era então o caminho da solidão

pois atemporal é a vida que se desnivela

na contradição anacrônica de viver

tudo é deformação da palavra bem dita

que se fez esculpida, detalhada e pura,

como na candura de um beijo apaixonado

então perceber o extremo paradoxal da vida

sem regras e sem razões de nada...

Efêmero é o amor verdadeiro...

que se fez prisioneiro sem ser perpétuo

é o limiar dessa magnitude, que se principia a intensidade

mesmo na sinceridade de um único instante, falo e penso

por vezes tudo se ilumina, por vezes tudo sangra

dissolvo minha palavra, que se impregna

no emaranhado conjunto de letras

recrio o poema, que verte da sã loucura

da mente, que mente inteligente

no silêncio indulgente

de sonhar na plenitude do perdoar...