Como me pesa a poesia

É grande o fardo de quem carrega a arte nos olhos, de enxergar a doçura dos mais amargos sentimentos e transformá-los em beleza. Quem dera eu ser bailarina!

Há que se possuir um nobre sistema digestivo! Engole-se muito a seco, engole-se muito azedo, muito choro… Tantas palavras estragadas, tanto clichê… As azias são inevitáveis. Quem dera eu ser professora!

É também uma questão de astros, uma coisa de Lua… É preciso ser filha de junho e ter a ascendência acertada… Pra se morrer por cada paixão, acreditar em toda ilusão e não ter medo de mergulhar. Quem dera eu ser aquariana!

Existe um quê de loucura… Coisa de quem não ouve a razão, dá muita voz pro coração, deixa a emoção falar… Não dá pra conciliar. Pra ser sã dos absurdos de quem é normal, de quem é igual… Essa gente sem sal. Quem dera eu ser tão bom! Quem me dera esse dom? Quem me dera!

Karolina Fonseca.

Karol Fonseca
Enviado por Karol Fonseca em 27/04/2015
Código do texto: T5222257
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