Cordel do Nome
 
Nesta peleja que faço
Inicio uma jornada
Falar do meu nome
Em poesia bem barata*
De qualquer forma, aqui eu vejo
Que vale a pena a caminhada
 
Nome é coisa muito injusta
Se pararmos pra pensar
O meu nome é Andrea
Mas quem veio perguntar?
Se dele eu gostaria
Ou ficaria a lamentar?
 
Muitos dizem que não gostam
Do nome que lhe foi dado
Mas um dia experimente
Pronunciá-lo errado
A pessoa vira um bicho
E olha torto pro seu lado
 
Nome é coisa muito séria
Mas também é engraçada
Se não for bem escolhido
Pode se tornar piada
Pense bem meu caro amigo
Se estiver nesta empreitada
 
Nome é mais que um patrimônio
É um direito social
Que nem sempre nos contempla
Em sua escolha oficial
E por isso é bem-vindo
Um apelido cordial
 
Independente de homônimo
Ouça o que eu vou lhe falar
Cada nome tem uma história
E é, portanto singular
A semelhança não é o que importa
Mas o seu particular
 
Nesses versos comunico
O significado de Andrea
Dizem que tem muita força
Mas é feito uma geleia
Contam que vem lá do Grego
E até gosto desta ideia
 
Mas esta convenção
Muito pouco me apetece
Pois histórias de indígenas
Em meu sangue prevalecem
Vindas lá da Paraíba
Que minha mãe nunca esquece
 
A grandeza do meu nome?
Eu te conto! É sem medida
Com ele não tem frescura
E a todos identifica
Visto que em alguns países
É pra menino e pra menina
 
Do meu pai ele não veio
Mesmo tendo uma boa ideia
Verônica eu seria
Se não fosse ser Andrea
Pobrezinho do meu pai
Ficou mesmo é na Plateia
 
Na verdade, nem Andrea
Pois meu nome é sem acento
Um aluno me falou
É Ãdrea, não está vendo?
E eu disse: nome feio!
Ele disse: eu lamento!
 
Mas nada disso me convence
O Registro não me fala
Queria mesmo é ser de Moura*
Mas à Silva eu fui dada
No entanto, eu tenho escolha
E escolho Andrea Paiva
 
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* Cordel em forma de sextilha, além de seis versos em cada estrofe, solicita também que cada verso apresente sete sílabas. Contudo, tal métrica não foi seguida aqui, por isso “poesia barata”.

* Meu pai se chamava José Moura da Silva. Sempre gostei de Moura, mas acabei sendo “da Silva”.