POEMA DE AGORA

Se não for agora, que seja então no tempo do nada: nada não, eu entendo!

Que seja depois do fechamento das cortinas,

no instante do desmonte das personagens,

na substituição da fala final - felizes para sempre!

Se não tiver de ser, que seja na hora dos primeiros pingos de chuva sobre o telhado, ou nunca mais...

Nunca mais é tempo bastante para que não seja,

mas se for de ser, que o meu coração possa disparar igual gelatina de morango!

Que seja na hora do dedo estirado para encontrar o buraco da fechadura

que abre o seu orgulho de pseudo maturidade...

Que seja igual ao silêncio de tanta coisa a dizer e nenhuma palavra pronunciada,

entretanto, seja no piscar do olho que revela a alma

e se tiver de ser, que seja na hora não exata de ensaboar os corpos de saliva de beijos de coisas de querer que se fazem sem hora marcada!

Porque se não for agora, que eu despenque de mim, de braços abertos, por aí, como borboleta descasulada!