CATARSE

Procuro-te no vento

E no alento

De todas as marés.

Provoco-te no verde das maçãs,

Na cúmplice revoada

Que “Nabucco” grita.

Imagino-te em todas as paredes já mortas,

E sabendo que ali estiveste,

Não estás…

Provoco-te ainda,

Sorrindo-te,

Chamando-te,

Fugindo-te…

Remexo risos em pranto

Na despedida última,

Que minhas castigadas mãos

Haveriam queimar plenitude

Até aqui,

Agreste pedaço de mim,

Vénias

Ao teu rosto ido.

Eterno, meu amor,

Belo como o Sol

Desafiando temporais!

O teu cálice de ternura abraça-me!

Não te procurarei mais!

Sei que ainda estás aqui.

Ouço o gemido das pálidas rosas

Entre os pomares.

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© Célia Moura, in “Jardins Do Exílio”

Célia Moura
Enviado por Célia Moura em 25/04/2015
Código do texto: T5220348
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