CATARSE
Procuro-te no vento
E no alento
De todas as marés.
Provoco-te no verde das maçãs,
Na cúmplice revoada
Que “Nabucco” grita.
Imagino-te em todas as paredes já mortas,
E sabendo que ali estiveste,
Não estás…
Provoco-te ainda,
Sorrindo-te,
Chamando-te,
Fugindo-te…
Remexo risos em pranto
Na despedida última,
Que minhas castigadas mãos
Haveriam queimar plenitude
Até aqui,
Agreste pedaço de mim,
Vénias
Ao teu rosto ido.
Eterno, meu amor,
Belo como o Sol
Desafiando temporais!
O teu cálice de ternura abraça-me!
Não te procurarei mais!
Sei que ainda estás aqui.
Ouço o gemido das pálidas rosas
Entre os pomares.
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© Célia Moura, in “Jardins Do Exílio”