DIA DO CHIMARRÃO - 24 de abril - Poema gauchesco de Ialmar Pio Schneider

M A T E A M A R G O

Ialmar Pio Tressino Schneider

Meu mate amargo de essência

que a gente sorve sem pressa...

como quem cumpre promessa,

recordando a cada instante

alguém que ficou distante,

vivendo por outros pagos,

necessitando de afagos

num beijo longo de amante.

És o meu vício de taura

que adquiri quando piá

e pra mim outro não há

que seja tanto estimado,

pois resumes o passado,

o presente e o futuro

do brioso pêlo-duro,

nativo de nosso Estado.

E assim dessa maneira

não há chiru nesta terra,

do pampa, campanha ou serra,

que não te adore o sabor,

pois representas o amor

ao pago agreste e campeiro

onde o valente tropeiro

vai cruzando sem temor.

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19 – Ialmar Pio Tressino Schneider - Versos gauchescos

O preparar-te com gosto

exige certo segredo

que já se aprende bem cedo

pra nunca mais se esquecer,

pois é do guasca o dever:

prestar muita atenção

ao cevar o chimarrão

que ele mesmo vai beber.

E no pouco que conheço

sempre atentei para isso,

não se pode ser remisso

quando a gente toma mate,

assim como num combate

não se atira bala à-toa;

a erva tem que ser boa, -

bomba dezoito quilate.

O porongo bem graúdo

em forma de coração,

pois assim o chimarrão

vem de encontro ao que se quer

e cumprindo seu mister,

vai penetrando no cerno

de nosso peito, mui terno,

como afago de mulher.

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Canoas - RS, 02.09.1972

Ialmar Pio
Enviado por Ialmar Pio em 24/04/2015
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