CANTO DE GUERRA

não vejo porque abres um sorriso desta amplitude

pois bailas a mesma valsa amiúde

supondo ser esta marcha para a guerra

pretendendo ser esta réquiem para a terra

e, acaba sendo, quando muito, vaga num ataúde

teus trajes nada dizem a quem sabe ler

e tuas orelhas perfuradas não retém todo o saber

és apenas palhaço do mundo

um pequeno cão furibundo

que não há de crescer

mas eis que retenho a receita da bomba

a rédea do gigante que, pesadamente, tomba

e minha farda não camufla

e meu ego não se insufla

antes, serve de ninho à pomba

da minha boca sairá revolução

e haverá sangue pelo chão

sangue do calvário

o útero e o ovário

de toda uma negação

da minha boca sairá o não

que rejeitará o apelo de cada nação

e da minha alma surgirá o sim

para que desça o puro sangue carmesin

como elixir de redenção