EU, QUE QUERIA SER FELIZ!

No assento de couro,
na fogueira das vaidades,
no anel de ouro,
nas inúteis verdades,

achei a pérola.

Feito um renegado, achei-a.
Feito um crente, perdi-a.
Na última noite de lua cheia
disfarcei o que ninguém via

e a reencontrei.

Nas pedras duras do caminho
de quem jamais volta
eu a vi. Nas escarpas, no ninho
da águia, sem qualquer escolta

eu me entreguei.

No absurdo do jamais,
no ingênuo do depois,
na tragédia em que se faz
a ternura do somos dois

nunca me refiz.

E eu, que queria ser feliz!