Fábula Fantástica

Dentro do caracol o pulso árido na orelha

Eu sou um fole inchando e minguando cromático

No espaço vazio de teus olhos lisérgicos

Um coágulo de cristal em tua língua de zinco

Uma gota de mercúrio rolando no vestido da noite,

Você tirou a tampa da represa de oxigênio do planeta

Um redemoinho apareceu no céu

E meus pés foram sugados pra lá

Para um espaço sem estrelas de redemoinhos negros

As primeiras estrelas que apareceram

Foram as magnólias que brotaram da minha pele

E me dei conta que estava perdido em teu coro capilar,

Pisei na tua fronte movediça e fui tragado,

Aspirado por tua pele de areia carnal,

Me perdi nos infinitos retratos que há dentro de sua cabeça,

Pude viver todas as dimensões ao mesmo tempo,

Me deparei com um espelho líquido que roubou meu rosto

Não era um espelho, era Morfeu construindo sonhos

Com você nos braços repousando temporariamente da vida de fora,

Fugi sem rosto para tua membrana basilar

E me afoguei no líquido som da eternidade,

Agora sou as magnólias que boiam no caracol de tua orelha

Enquanto meu rosto está fixo no seu olho de dentro,

Eu perfumo de noite os sons que você ouve,

Inverto e incho as cores que você enxerga

Sou o gosto de sonho derretendo eternamente em sua língua.

21/04/2015

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 21/04/2015
Reeditado em 21/04/2015
Código do texto: T5215056
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.