Fábula Fantástica
Dentro do caracol o pulso árido na orelha
Eu sou um fole inchando e minguando cromático
No espaço vazio de teus olhos lisérgicos
Um coágulo de cristal em tua língua de zinco
Uma gota de mercúrio rolando no vestido da noite,
Você tirou a tampa da represa de oxigênio do planeta
Um redemoinho apareceu no céu
E meus pés foram sugados pra lá
Para um espaço sem estrelas de redemoinhos negros
As primeiras estrelas que apareceram
Foram as magnólias que brotaram da minha pele
E me dei conta que estava perdido em teu coro capilar,
Pisei na tua fronte movediça e fui tragado,
Aspirado por tua pele de areia carnal,
Me perdi nos infinitos retratos que há dentro de sua cabeça,
Pude viver todas as dimensões ao mesmo tempo,
Me deparei com um espelho líquido que roubou meu rosto
Não era um espelho, era Morfeu construindo sonhos
Com você nos braços repousando temporariamente da vida de fora,
Fugi sem rosto para tua membrana basilar
E me afoguei no líquido som da eternidade,
Agora sou as magnólias que boiam no caracol de tua orelha
Enquanto meu rosto está fixo no seu olho de dentro,
Eu perfumo de noite os sons que você ouve,
Inverto e incho as cores que você enxerga
Sou o gosto de sonho derretendo eternamente em sua língua.
21/04/2015