Naufrágio
Alma que se desfolha, calma, suave, serena
Repousa em seu tapete de estrelas cintilantes
Alma ébria que rodopia e dança
Alma doce, feito criança
De todas as cores que roubou, agora é só branca
Alma vestida de noiva, fantasmagórica, esvoaçante, pálida,
de olhos petrificados, fundos, belos, egocêntricos
Alma sonhando um barco a deriva em noites de tempestades
Alma desejando o mar revolto quebrando o silêncio das horas
Alma abraçada ao seu corpo em decomposição
Como se fossem amantes e cúmplices
como se fossem a criação e a criatura
sussurrando juras e confissões
Seu olhar captura a imensidão do céu
seus lábios buscam o sabor da ventania
Suas asas se abrem, voou!