Boca dissonante

Desta boca cheia de dissonâncias

saem os mais obscuros mantras,

construídos de desejos calcinados

nestes lábios grudentos e úmidos.

Estas palavras malditas que fervem,

desaguam num Rio-Sangue ancestral,

força primeva que borbulha no invólucro

deste espoliado natimorto, que teve

a infeliz ousadia de cuspir no Deus Morto

de suas próprias hordas infernais.

Estranhos ecos envenenados molham

o rosto sem rosto de milhares que

foram mijados no incógnito de si mesmos.

Tudo o que procuram são seus corpos

que vieram do barro podre deles,

e como não encontram, vestem

suas entranhas de roupas brancas,

repletas de merda, cagadas pelos deuses

da dissonância corpórea deformada.

Daniel Tomaz Wachowicz
Enviado por Daniel Tomaz Wachowicz em 21/04/2015
Código do texto: T5214751
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