Caboclo
Pego o meu chapéu de palha
Para que o sol não prevaleça
Faço da enxada uma navalha
Para não deixar que a praga cresça.
O suor salgado é mina constante
Sinto molhar minha camisa
A esperança vem do horizonte
No qual não existe divisa.
A terra é meu palco sagrado
Onde todo dia eu ponho os pés
Sou um agricultor abençoado
E a minha sorte não é maré.
Quando o tempo se fecha com o escuro
Logo o trovão dá seu recado
Tenho meu barraco seguro
Nos quatro cantos amarrado.
Uma cabaça com água fria
Uma bicicleta velha é o meu carro
Não sofro estresse nem agonia
Trago nas botas massa de barro.
Guardo um cigarro de fumo picado
Daqueles que espanta mosquito
Um isqueiro antigo, estimado
Não falta fogo, um mito.
Acompanho minha roça crescer
Assisto meu arroz cachear
Para mim um inexplicável prazer
Só quem viu pode contar.
Francisco Assis silva é poeta e militar
Email: assislike1@hotmail.com