ODE EM TRISTES HORAS
Belas extremas, das noites vadias,
estrelas tardias, de sonho e prantos;
blefes e acalantos, de todos, os teus
são os mais insanos, óh futuro insosso.
trago um gole amargo de sal e dor,
rasga meu peito, eviscerando antigos,
expondo segredos que nem me haviam,
que nem me cabiam e não me sabiam
e vão-se as horas como enxurradas,
e eu, perdido em corredeiras, aturdido,
ora me afogo em magoas, ora me resigno em lamurias
deixo secar as águas salinas na pele árida,
esfrego olhos de sono não vindo,
ouço o estalar de ossos amarrotados,
acho que é o som da monotonia morta.