No Esvoaçar do Destino

No Esvoaçar do Destino

Em inexprimíveis gritos

De puro absinto

A imperatriz queimava

A mais funda mágoa.

No estonteante vazio

Rompiam soluços gesticulando

Infinito.

De uma rara e malograda beleza

Cantava ainda

Com sua voz de menina

A mais singela rosa de vermelho sangue

Entre os bravios roseirais.

A desejada!

Esfinge de mármore esculpida…

…Despida!

Os seios como quimeras de solidão,

Insatisfeitos

Essa amante perdida em braços inundados

De vazio…

…E sorri,

Como um mito presente

Entre plumagens e cetim,

Liberta da vida

Onde as asas de puro cristal estilhaçado

Já não sangram.

© Célia Moura, in “Vestida de Silêncio”

Célia Moura
Enviado por Célia Moura em 19/04/2015
Código do texto: T5213008
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