No Esvoaçar do Destino
No Esvoaçar do Destino
Em inexprimíveis gritos
De puro absinto
A imperatriz queimava
A mais funda mágoa.
No estonteante vazio
Rompiam soluços gesticulando
Infinito.
De uma rara e malograda beleza
Cantava ainda
Com sua voz de menina
A mais singela rosa de vermelho sangue
Entre os bravios roseirais.
A desejada!
Esfinge de mármore esculpida…
…Despida!
Os seios como quimeras de solidão,
Insatisfeitos
Essa amante perdida em braços inundados
De vazio…
…E sorri,
Como um mito presente
Entre plumagens e cetim,
Liberta da vida
Onde as asas de puro cristal estilhaçado
Já não sangram.
© Célia Moura, in “Vestida de Silêncio”