Estranho amor
Dizes: te amo, mas o hostilizas
És dura com quem dormes
Maltratas a quem beijas
E xingas a quem te socorre
Só demonstras impaciência
Nada suportas nem sofres
Oh, quanta intransigência
Matas e não sabes que morres
Beijas o cão, mas a ele magoas
Tens cuidados e solicitude
Cuidas do chão da tua casa
Mas, coitada, só negritude
Tens higiene excessiva
Lavas as mãos a toda hora
Tomas banho todo dia
Te perfumas e te empoas
Tua roupa íntima é alva
Tuas unhas são polidas
E, se voltas da rua, te lavas
Mas te acabrunhas à toa
Desviaste o teu o olhar
Da tua carne que mendiga
Que te diz: dá
E que não tem primazia
Ao nu não vestiste
Nem ao faminto deste pão
Parece até que não viste
Não se te pesou o coração
Mas cuidas das flores
E afagas o teu cão
Dedica-lhes amores
Estende-lhes a mão
E a tua luz não brilhou
Como a luz do meio-dia
A tua cura, assim, tardou
Não se te deu o que querias
Cevaste em tempo de matança
Ao pobre mataste
O que te virá sem tardança
Essa será a tua sorte.
Oliprest
Missionário