SER ÍNDIO
Queria ser índio apenas;
Como os de mil e quinhentos,
Que nem sequer conheciam
Os homens brancos “sedentos”.
Ficar olhando pra lua;
Ouvindo as águas do rio,
E no balanço da rede
Nem sonhar com aquele abril.
Pintar meu corpo pra dança,
Cultuar meus ancestrais,
Longe de tantas paredes,
Carros, Luzes e jornais.
Viver num Brasil sem nome;
Sem TV nem futebol,
Sem sequer ter presidente,
Pra adorar: Tupã e o sol.
Pra caçar um arco e flecha,
Nada de rifles, fuzis,
Ou um arpão e uma canoa, e,
Sem saber ser mais feliz.
Respeitar a “ nossa” terra,
Plantas e mananciais,
Declarar amor a ela e,
Sentir o gosto da paz.
* Magnífica interação:
Mas aqui chegou Cabral
trazendo tantas mazelas
com sua gente do mal
trazida nas caravelas.
Pindorama era uma terra
assim como o El Dorado
entre colinas e serras,
um mundo puro, encantado.
Tanta pureza, oh Deus!
Nos habitantes da terra
E Cabral junto com os seus,
pensou em ouro e guerra.
Corrompeu a indiarada
com espelhos e continhas
pobre gente fascinada,
entregava o que tinha.
Começa aí a história
do saque e corrupção,
do índio tirada a gloria,
inocência e nação.
Hoje o índio aculturado
acaba com o que restou
do pouco que foi legado
por dinheiro ele trocou.
Hull de La Fuente