de ímpetos

se não for pra ajoelhar

tateando o asfalto quente

com as pálpebras, com os lábios ou

com o corpo arqueado de serpente

que não seja

se não for pra gritar

com a voz sem tremores,

com o peito inflado de amores e

com desejos dispensando medos

que não seja

se não for pra desejar

com brutalidade, suavidade e contradição,

assim como a mesma mão

sova a carne e o pão

que não seja

se não for pra querer

arfar até emudecer,

dançar até amolecer

e amalgamar

as bocas, os corpos, os ritos

até que se arrefeça

em sonho ou sentidos

que não seja

pois o meu tempo é hoje menos tempo

e mais ímpeto, mais ritmo;

meu tempo é menos tempo

e mais afinco.