grilhões
também as palavras se rebelam
nas esquinas que a língua acalenta;
fecham-se na concha
de silêncios e dentes que se martelam.
não há quem faça entender um murmuro de pedra.
o maxilar tensionado
revela a imensidão da névoa;
o que deveria ser melodia
se trancafia numa caixa de ilhas
afogadas na secura dos lábios.
não se pode fluir
em securas;
a carne já se arrasta pelo tempo
com os tendões estourados
pelo medo dos medos.
do buraco cavado
nas terras desistentes
há que gotejar
mais que ruptura;
há que se criar
aberturas.