Oferenda
É fato de vidros
que carrego funduras,
volúpias de terra e
uns tantos ímpetos;
também é verdade
que ressoa infinito
o grito da minha carne --
matéria que em mim
é equivalente
às levezas do não-visto.
Já fui mais leviana,
menos altiva, profana,
de sibilos sujos e
toques brutos,
mas carrego o gosto
de ser mundana, serpentina,
cigana. Não é muito.
Já sou menos medo
e mais flama.
Não adianta
e peço sem comedimento
com um silêncio de vácuos --
ou ecos do medo --
um suspiro do teu nome abreviado
afogado nas tramas dos meus
traços, passos
abraços.
O temor não fragmenta
as fortalezas do tempo --
ou as prisões de parcos anseios;
e da minha querência
peço sem comedimento
um compêndio de arquejos
sagrados, ritualísticos;
uma obra de desmedos
escritos com teu querer híbrido
de bicho devasso e arredio
no meu corpo-papiro.