em frangalhos, se recriou o poeta
em frangalhos, se recriou o poeta.
fez, da poesia, inseparável muleta –
cajado confiável, guiando-lhe no escuro;
palavras ancoradas no peito, porto seguro.
descobriu, entre tantas possibilidades, um ombro.
encontrou-se no conforto dos oásis e escombros,
nas inúmeras paisagens que só a poesia traz –
onde nunca antes havia sido capaz.
outro dia fez a mala, deixando pra trás os entulhos.
queimou os relatos, se desfez dos rascunhos -
poeta, enfim, deixou de ser; se reinventou
e do exército de palavras nunca mais precisou.