Curvas do Desencanto
O peso que minha nuca sustenta,
Não é da minha cabeça de vento.
O fardo que meu corpo aguenta,
Não é do meu viver o tormento.
Nos passos em que dou o tropeço,
Não culpe meus pés tão cansados.
A maneira triste de meus beijos,
Não resulta dos carinhos amargos.
A mão sem forças que hoje estendo,
Não vem do aperto sempre forte.
O teu amor que não mais entendo,
Não resulta de tempo ou má sorte.
São as curvas de nossas vidas,
As responsáveis pelas medidas
Drásticas que então tomamos.
Ou seguimos outros caminhos,
Ou restaremos juntos-sozinhos,
No fosso frio do desencanto.
IGOR TENÓRIO LEITE
05/06/05