Dados
Do pouco que me resta
o todo que sou
Da virtude que se afasta
muitos músculos
Da cara virada
a ausência de escrúpulos
Dos erros e tentativas
suicídios
Das artimanhas
manhas e soros antiofídicos
Das letras escritas
as letras póstumas
Das poesias não ditas
elas mortas
Do cansaço que me abate
a falta de amor
Da preguiça em combate
o recomeço do amor
Das fanatasias íntimas
meu carnaval particular
Das besteiras ínfimas
tudo igual
Das besteiras abundantes
o descomunal
Das saias justas
provérbios
Do escárnio
risadas
Das promessas
as crises idiossincráticas
Das crises idiossincráticas
fluxos contínuos
Das barbaridades
elas por elas
Da imaturidade
a barbaridade
Da falta de assunto
haja saco
Do saco sem fundo
gente que não sabe nada
Dos versos inversos
estrofes disformes
Da leitura dinâmica
a morte do fio da meada
Do novelo
a novela
Da parte que me toca
a minha sensibilidade
Do meu caráter
tinta indelével