É foda ser negro no Brasil

(Bruno Cupertino)

como posso ser feliz num sistema

que antes mesmo de eu nascer

já me taxa de problema

dizem que sou culpado

da desordem social

que poderia ter tudo

mas "escolhi" o caminho do mal

a classe média e alta

transforma em modinha

a arte de fazer manifestação

criança no colo do braço armado do estado

mas sendo morta no complexo do alemão

e o povo a se manisfestar para reinvidicar justiça

querendo nada mais o que é direito dela

é recebido com bomba de gás

pela instituição racista

que grita: CALA A BOCA FAVELA!!

e ainda me pedem para um lado escolher

o estado é meu pai

e não quer me reconhecer

sou orfão de nação

e querem que eu tenha

orgulho de ser brasileiro

no próximo jogo da seleção

é foda ser negro no Brasil

e ver a lágrima no rosto

da mulher que o pariu

tudo falta em casa

é nessa que me atrapalho

e se eu entro pro mundo do crime

é por falta de trabalho

DIGNO!

onde eu possa me enaltecer

ter orgulho daquilo

e ver minha auto-estima crescer

mas o mundo

só me oferece desapego

meu patrão me tratando como lixo

e se me revolto lá se vai mais um emprego

eu tenho orgulho de mim

que pra afogar as mágoas do meu peito

eu pego caneta, não em fuzil

por que viver nessa terra e ter minha cor

é foda ser negro no Brasil.

Bruno Cupertino, estudante universitário, militante e um dos apresentadores do Sarau da Onça, nunca se imaginou escrevendo poesia, mas Sussuarana lhe acendeu a chama da literatura no seu coração, pelo que será eternamente grato. Graduando em Engª Elétrica pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), Graduando em CST Mecatrônica Industrial pelo SENAI CIMATEC, Representante da Turma 2014.1 de Mecatrônica do SENAI, Militante Negro pelo ICSB (Instituto Cultural Steve Biko), Cientista pelo NECTAR (Núcleo de Estudos em Ciência e Tecnologia André Rebouças).