à ela me habituei, aprendi a gostar

à ela me habituei, aprendi a gostar.

falo da dor hodierna, de longe delicada,

alojou-se na minha poesia infeccionada,

fez ternura perder força, deixar de pazear.

já nem lido, desisti de me policiar.

com aflição nesse peito empoleirada

e a esperança há tempos despedaçada,

sigo nutrindo esse meu admirável pesar.

coloco, com bem triste e baço olhar

e uma angústia lindamente instalada,

o resto de minha vida como oferenda

à essa minha eterna arte de procrastinar.

Marcio Evair
Enviado por Marcio Evair em 14/04/2015
Código do texto: T5207351
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