à ela me habituei, aprendi a gostar
à ela me habituei, aprendi a gostar.
falo da dor hodierna, de longe delicada,
alojou-se na minha poesia infeccionada,
fez ternura perder força, deixar de pazear.
já nem lido, desisti de me policiar.
com aflição nesse peito empoleirada
e a esperança há tempos despedaçada,
sigo nutrindo esse meu admirável pesar.
coloco, com bem triste e baço olhar
e uma angústia lindamente instalada,
o resto de minha vida como oferenda
à essa minha eterna arte de procrastinar.