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No pedaço azul
cruzam o céu
gangues de araras
roubando atenção
sapos pedalam
por ciclovias esguias
camionetes sem setas
suicídios sem favelas
igreja no poder
Deus não
o sangue indígena
pintou o chão
fez do solo vermelhão
encerado com cuidado
pelo povo pardo
descendente de escravo
explorado até o talo
pelo fazendeiro
pelo grileiro
pelo patrão
o mato
continua grosso
calos nas mãos.