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No pedaço azul

cruzam o céu

gangues de araras

roubando atenção

sapos pedalam

por ciclovias esguias

camionetes sem setas

suicídios sem favelas

igreja no poder

Deus não

o sangue indígena

pintou o chão

fez do solo vermelhão

encerado com cuidado

pelo povo pardo

descendente de escravo

explorado até o talo

pelo fazendeiro

pelo grileiro

pelo patrão

o mato

continua grosso

calos nas mãos.

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 14/04/2015
Reeditado em 14/04/2015
Código do texto: T5206631
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